Manta de laser

Manta corte

Com o objetivo de proporcionar uma melhora no desempenho físico de indivíduos que estejam em treinamento para atividade desportiva ou mesmo para o processo de reabilitação ou recuperação funcional após alguma lesão no músculo ou tendão, os pesquisadores Vanderlei Salvador Bagnato da USP e Nivaldo Antonio Parizotto, Euclides Matheucci Junior e Cleber Ferraresi, do Departamento de Fisioterapia da UFSCar desenvolveram a patente Dispositivo emissor de Luz com Formato Anatômico para aumento do desempenho físico e reparo do tecido muscular e tendíneo resultando em um dispositivo construído a base de LEDs ou lasers distribuídos numa manta de polímero. Parte da pesquisa foi realizada com apoio da FAPESP.

 

Segundo um dos inventores, Nivaldo Parizotto, a ideia da patente surgiu há bastante tempo quando o pesquisador atendia pacientes esportistas que necessitavam tratar suas lesões, cujo tratamento era feito com a utilização de laser - dispositivo considerado comercialmente caro. A partir destas observações, o pesquisador sentiu a necessidade de investigar como ocorriam os processos de reparação dos tecidos. “Neste período, encontrei um artigo escrito por búlgaros, que são os campeões de levantamento de peso nas olimpíadas, e vi que eles estavam aplicando laser para melhorar o desempenho dos atletas. Com isso, fiquei curioso para analisar como isso poderia acontecer, e trabalhamos para desvendar pequenas partes deste emaranhado de reações, avaliando tudo isso sob o ponto de vista da biologia molecular”, explicou.

 

A “manta de laser” como foi denominada pelos pesquisadores, deve ser aplicada após os treinamentos físicos, para reduzir o estresse oxidativo nas células musculares e, assim, proporcionar uma recuperação rápida das condições fisiológicas delas, reduzindo, por exemplo, a fadiga. Os trabalhos realizados pelo grupo demonstraram como se dá o funcionamento deste dispositivo sob os aspectos fisiológico, celular e molecular, o que torna sua fundamentação bastante fortalecida. Para checar se o resultado seria alcançado, os pesquisadores também realizaram uma aplicação anterior à prática de atividade física, observando-se também uma melhora na performance, mas inferior àquela que se consegue após os treinamentos.

 

Levando cerca de 15 anos para ser desenvolvida, por meio de pesquisas de teses e dissertações, assim como em trabalhos de graduação, os pesquisadores já conseguiram comprovar a eficácia do instrumento, cujo diferencial diz respeito a fundamentação e a ideia de inserir o dispositivo aproveitando o estresse que ocorre nos tecidos após a prática de exercícios, e assim conseguir uma absorção maior da luz.

 

Os pesquisadores estimam que a invenção poderá beneficiar pessoas que necessitam de melhor recuperação, como é o caso de pacientes com Distrofia de Duchenne, além de outras doenças. Na área do esporte, a patente poderá ser um instrumental mais adequado para cuidar dos atletas após jogos ou competições, atingindo uma recuperação mais rápida e eficiente.

 

Além deste tipo de aplicação, Nivaldo Parizotto explica que atualmente o grupo trabalha para disponibilizar o dispositivo para o mercado, conduzindo estudos clínicos randomizados e controlados para outras formas de enfermidades e lesões, que poderão se utilizar da tecnologia para tratamento de rotina no futuro. A expectativa é que ele seja utilizado em academias, clubes de esporte, clínicas de fisioterapia e de medicina esportiva no Brasil e no exterior. “Espera-se que possa ser uma ferramenta fácil e disponível para uma boa parte da população”, finalizou.