Digestão de amostras por via úmida

sistema digestaoCom o objetivo de permitir a decomposição de amostras de origem vegetal, origem animal e alimentos em frasco fechado não encapsulado utilizando aquecimento condutivo em bloco digestor com 38 posições, os pesquisadores Kelber dos Anjos de Miranda e José Anchieta Gomes Neto do Departamento de Química Analítica da Unesp Araraquara em conjunto com Edenir Rodrigues Pereira Filho do Departamento de Química da UFSCar, deram origem à invenção Aperfeiçoamento em equipamento para digestão de amostras por via úmida. Neste caso, 200 mg de amostra são digeridos com 2 mL de ácico nítrico concentrado e 1 mL de peróxido de hidrogênio (30% (m/m)) à temperatura máxima de 220 °C em frascos de vidro borosilicato e quartzo. O não encapsulamento do frasco promove um gradiente de temperatura em direção à parte superior do mesmo, permitindo que a temperatura da fase gasosa seja inferior à da fase líquida. Como resultado, as digestões são realizadas à pressão pouco elevada. Consequentemente, os frascos utilizados podem ter paredes menos espessas, permitindo o rápido aquecimento e resfriamento das amostras.

 

Entre as diversas formas empregadas para o preparo de amostras visando à determinação de elementos inorgânicos por espectrometria atômica, as mais comuns são aquecê-las na presença de um ácido mineral oxidante, de misturas de ácidos oxidantes, ou mistura de um ácido oxidante com peróxido de hidrogênio.

 

Atualmente, a tecnologia de digestão assistida por micro-ondas é reconhecida como uma das melhores alternativas para solubilização/decomposição de amostras. Todavia, o forno de micro-ondas não é utilizado pela maioria dos laboratórios de rotina devido ao alto custo e menor frequência analítica quando comparado ao sistema aberto de digestão em blocos digestores. Sendo assim, os laboratórios de rotina ainda realizam a decomposição de amostras em bloco digestor com frascos abertos. Neste caso, era necessário criar uma tecnologia para digestão em sistema fechado.

 

Levando cerca de dois anos para ser desenvolvida, a patente é resultado do trabalho de pós-doutorado de Kelber dos Anjos de Miranda, cujo diferencial é a utilidade do equipamento em análises de rotina com as principais vantagens de baixo custo de aquisição e manutenção, simplicidade, alta frequência analítica, redução do consumo de reagentes e diminuição da geração de resíduos. Além disso, os componentes voláteis da amostra não são perdidos durante o aquecimento e a atmosfera do laboratório não é contaminada por vapores ácidos, diferentemente do sistema aberto de digestão em bloco digestor.

 

Segundo Kelber dos Anjos de Miranda, inicialmente, a tecnologia foi proposta para a digestão de amostras botânicas em tubos de borosilicato e alcançou os resultados pretendidos. “Atualmente, o sistema é capaz de digerir amostras de origem vegetal, animal e alimentos em geral em tubos de borosilicato e de quartzo. Ou seja, os resultados foram superiores aos esperados”.

 

A inovação pode ser aplicada nos laboratórios de análises químicas ou em centrais analíticas onde seja preciso realizar a determinação de elementos inorgânicos por espectrometria atômica, interessando a indústria química e analítica, fornecedores, distribuidores e fabricantes dos setores de tecnologia laboratorial, biotecnologia e controle de qualidade. Além de laboratórios de pesquisa, ensino, prestação de serviços e controle de qualidade. No entanto, ela ainda não está disponível no mercado e o grupo aguarda o interesse de alguma empresa para comercialização.“Por se tratar de tecnologia simples e de baixo custo, em princípio qualquer país poderá produzi-la”, finalizou.

Esquema sistema digestao