Ácido 6-aminopenicilânico

DSCN2502A patente denominada Produção e hidrólise simultânea de penicilina G durante o cultivo de Penicillium chrysogenum utilizando penicilina G acilase imobilizada em esfera de agarose contendo partículas magnéticas descreve um novo processo de produção industrial de uma importante molécula: o ácido 6-aminopenicilânico (6-APA). Esta molécula é utilizada pela indústria farmacêutica na produção de antibióticos semi-sintéticos comerciais como, por exemplo, a amoxicilina e a ampicilina.


Desenvolvida pelos pesquisadores Antonio José Gonçalves da Cruz, Raquel de Lima Giordano e Dasciana de Souza Rodrigues, todos do Departamento de Engenharia Química da UFSCar, a patente objetiva reduzir o uso de solventes orgânicos e o número de etapas na produção do composto intermediário, o ácido 6-APA.

 

O processo convencional de produção industrial deste ácido envolve um conjunto de etapas como a produção da penicilina pelo fungo Penicillium chrysogenum; a extração do antibiótico – penicilina – produzido empregando solventes orgânicos e cristalização deste composto na forma de um sal; e a hidrólise química ou enzimática, que corresponde à quebra desta molécula empregando produtos químicos ou enzimas e precipitação do produto de interesse.

 

No processo da patente, a hidrólise da penicilina, ou seja, a quebra da molécula de penicilina para obtenção do ácido é realizada simultaneamente durante a sua produção pelo fungo Penicillium chrysogenum. Além disso, torna-se possível a recirculação de um composto importante na produção da penicilina, o ácido fenil acético (AFA), o que reduz o custo de produção.

 

Para chegar ao resultado da patente, foram realizados experimentos em escala de bancada com biorreatores de cinco litros, onde foram obtidas conversões (hidrólise) acima de 90% da molécula de penicilina G no intermediário (ácido 6-APA), com pequena perda da massa inicial do biocatalisador, devido à fragmentação causada pela agitação. Em experimentos realizados em condições mais brandas de agitação obtiveram-se conversão de 80% da penicilina. Nestes experimentos não foi observada perda do biocatalisador.

 

Segundo o professor Antonio José Gonçalves da Cruz, o diferencial do invento consiste na redução do custo do processo, uma vez que não é necessária a adição do precursor, o ácido fenil acético, durante a produção da penicilina pelo fungo Pennicilium chrysogenum. “Nos processos convencionais este precursor deve ser alimentado durante o cultivo do fungo para que ocorra a produção da penicilina. Neste invento, o AFA é gerado durante a reação de hidrólise da molécula de penicilina. Outra vantagem está no fato de ser um processo enzimático o que reduz ou elimina o uso de solventes orgânicos (tóxicos)”, explicou.

 

Com relação aos processos utilizados atualmente no mercado e os diferentes processos alternativos descritos na literatura, a patente apresenta muitas vantagens, pois a produção e hidrólise simultânea de penicilina permitem reduzir o número de etapas do processo de produção de 6-APA utilizado atualmente na indústria. Além disso, a recirculação de AFA durante o cultivo do fungo Penicillium chrysogenum reduz o custo do processo, o biocatalisador desenvolvido para uso na reação de hidrólise da penicilina no meio de fermentação conserva sua atividade, mesmo após a etapa de esterilização a qual ele é submetido, e a manutenção de sua integridade física durante o cultivo do fungo tornam o processo interessante para a produção de 6-APA. Acrescenta-se ainda a não necessidade de uso de solventes orgânicos no processo.

 

Para estar disponível no mercado, o professor acrescenta a necessidade da realização de alguns testes em escala piloto, com a finalidade de encontrar condição de operação adequada entre a conversão da penicilina ao composto 6-APA e a desativação do biocatalisador em função da agitação empregada. “Faltam apenas ajustes operacionais para o escalonamento do processo como uma operação em grande escala, uma vez que a viabilidade do processo já foi demonstrada”, finalizou.

 

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