Compósito Vidro-mineral para revestimento arquitetônico


IMG 20170119 150000544-crop-crop reduzidaUma pesquisa recente da UFSCar resultou em um processo diferenciado para a obtenção de compósitos de vidro reciclado e minerais (tais como alumina, albita e quartzo), com aplicação focada para uso em bancadas e revestimentos arquitetônicos. Desenvolvida pelos pesquisadores Gisele Guimarães dos Santos, Murilo Camuri Crovace e Edgar Dutra Zanotto, do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar, a tecnologia "Compósito vidro-mineral e processo de sinterização para obtenção de compósito vidro-mineral" apresenta concorrência com os materiais de matrizes poliméricas como CorianÒ e QuartzstoneÒ, além dos porcelanatos de alta qualidade e rochas ornamentais naturais.

 

O estudo e desenvolvimento da tecnologia foram inspirados em produtos que têm sido utilizados em revestimentos para a substituição de rochas naturais, como o mármore e granito. Neste caso, o produto possui diversas denominações – engineered stones, artificial marble, quartz surfaces, etc. – e consiste de grande quantidade de mineral (por volta de 90%) em uma matriz, que pode ser polimérica, de cimento e, até mesmo, de base cerâmica. Estes produtos, apesar de conseguirem imitar os padrões estéticos das rochas naturais, e até apresentarem propriedades mecânicas superiores, podem apresentar algumas desvantagens, em especial aqueles que fazem uso de matriz polimérica, como o caríssimo – e muito apreciado por arquitetos – CorianÒ.

 

Segundo a inventora Gisele Guimarães dos Santos, o vidro reciclado particulado, por exemplo, misturado a diferentes tipos de minerais, é prensado e submetido a tratamentos térmicos. A partir deste processo, são obtidas placas sólidas, semelhantes a pedras, que podem ser empregadas como revestimentos cerâmicos, principalmente em pias e bancadas de cozinha, pisos e fachadas de edifícios. No caso desta tecnologia, os pesquisadores propõem a utilização de um vidro reciclado como matriz para “ligar” as partículas de minerais, com o objetivo de obter peças densas e com propriedades mecânicas atraentes, além de preço competitivo no mercado.

 

Levando cerca de dois anos e meio para ser desenvolvida em escala de laboratório, o diferencial desta tecnologia em relação aos produtos semelhantes comerciais – em especial “engineered stones” de resina polimérica – é sua resistência ao aparecimento de manchas e degradação causadas por recipientes quentes que sejam colocados sobre a superfície do material. Além disso, Gisele dos Santos explica que a tecnologia é resistente à intemperismos (raios UV, chuva etc.), o que seguramente permite o seu uso como revestimento arquitetônico de áreas externas em construções civis. “O material também apresenta beleza estética, melhores propriedades mecânicas e menor porosidade em relação às engineered stones com matriz de cimento, o que o torna menos sujeito ao acúmulo de sujeiras. Além disso, a utilização de vidro como matriz reduz as temperaturas necessárias para os tratamentos de sinterização, em comparação às engineered stones com base cerâmica, o que torna o processo mais acessível do ponto de vista econômico e comercial”.

 

Dentre os principais resultados obtidos com desenvolvimento da tecnologia, a pesquisadora afirma que foi possível obter um material competitivo com os existentes no mercado, “especialmente relativos a resistência à flexão, ao ataque químico e ao choque térmico, imprescindíveis para esse tipo de utilização”, ressaltou Gisele.

 

A tecnologia ainda não está disponível no mercado. Atualmente os pesquisadores trabalham em seu desenvolvimento estético e na realização de testes com novas cores e texturas, buscando parceiros industriais para produção comercial.