Vitrocerâmica para prótese dentária

dente recorteUma prótese dentária feita de material vitrocerâmico com propriedades superiores aos materiais utilizados no mercado é resultado da patente de invenção “Vitrocerâmicas usináveis de alta tenacidade à fratura e uso das mesmas”. A tecnologia foi desenvolvida pelos pesquisadores Edgar Dutra Zanotto e Viviane Oliveira Soares, do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, e se refere a um material utilizado para a confecção de próteses dentárias.

 

Atualmente tem sido bastante comum a realização de implantes dentários utilizando parafusos de titânio, onde é adicionado um dente artificial na parte superior da estrutura – que pode ser feito de resina, cerâmica ou outro material. No caso desta tecnologia, o principal diferencial é sua propriedade mecânica: alta tenacidade à fratura – importante para próteses dentárias – superior ao que existe atualmente. Além disso, a estética do material mimetiza as características dos dentes naturais, se tornando apropriada para esse tipo de aplicação.

 

A ideia da tecnologia surgiu durante o pós-doutoramento de Viviane Oliveira Soares que desenvolveu novas composições de materiais vitrocerâmicos com propriedades mecânicas, aspecto estético e biocompatibilidade, adequadas para aplicação como prótese dentária. Assim, os pesquisadores confeccionaram dentes molares, esculpidos por usinagem a partir de um bloco vitrocerâmico. O material desenvolvido possui translucidez adequada (opacidade) e durabilidade química, podendo também ser agregado ao dente natural como “faceta”.

 

Levando cerca de quatro anos para ser desenvolvida entre a concepção da ideia e o período de caracterização e melhoramento das propriedades do material, de acordo com Viviane Oliveira Soares, a tenacidade à fratura é sua principal característica pois demonstra superioridade aos concorrentes atuais tornando-o mais resistente à propagação de trincas. “É comum que um dente natural possua trincas que podem, inclusive, durar uma vida inteira, não levando necessariamente à sua remoção. Com este novo vitrocerâmico, mesmo que a trinca se inicie, ela pode ficar latente sem se propagar, evitando que o dente se divida”. Além disso, a pesquisadora explica que sua composição e fases cristalinas são completamente diferentes dos materiais comerciais atuais, o que lhe confere importante concorrência no mercado nacional. “Não existe até o momento uma empresa nacional que fabrique o material vitrocerâmico para aplicação dentária”, ressaltou.

 

Segundo a pesquisadora, o custo da matéria-prima deste produto vitrocerâmico é acessível e semelhante aos materiais utilizados em próteses dentárias, mas o que encarece o processo é a mão de obra do protético – que esculpe o dente –, e do dentista – que o implanta. “Apesar de não haver um custo estimado, o vitrocerâmico desenvolvido possui preço compatível com o mercado, pois sua utilização abrange a confecção e implantação do dente, assim como em procedimentos tradicionais que utilizam outros materiais”, explicou Viviane.

 

A tecnologia ainda não está disponível no mercado para comercialização, mas já possui o interesse de empresas que fabricam próteses odontológicas, permitindo a confecção de todos os dentes da boca de maneira detalhada. Em função disso, atualmente os pesquisadores do Laboratório de Materiais Avançados (LaMaV) estudam uma maneira de ajustar e preparar amostras maiores e homogêneas que possibilitem a reprodução do material em grande escala para atender a todos os interessados.