Peneiras moleculares de estabilidade aperfeiçoada

DSC 0232 reduzidaA patente intitulada Processo de obtenção de peneiras moleculares mesoporosas de estabilidade aperfeiçoada desenvolvida pelos pesquisadores Dilson Cardoso, Soraia Cristina Felix da Silva, Ivana Helena da Cruz, Miriam Sanae Tokumoto e Demian Patrick Fabiano, todos do Departamento de Engenharia Química da UFSCar, se refere à melhoria de um catalisador heterogêneo desenvolvido anteriormente pelo Departamento, que tem como objetivo principal a transformação de óleo vegetal como matéria-prima em biodiesel.


Atualmente, 99% dos processos do mundo que envolvem a transformação do óleo vegetal em biodiesel são feitos empregando uma substância denominada catalisador, semelhante à soda cáustica, e conhecida como metóxido de sódio. A função do catalisador é transformar rapidamente um produto em outro, ou seja, o óleo vegetal em biodiesel e glicerina. Nestas condições, a soda cáustica se dissolve no processo ou, em outras palavras, ele é considerado como de catálise homogênea. Por esse motivo, como o catalisador é solúvel no álcool, ele contamina o biodiesel e é necessária sua retirada para não danificar o motor do veículo onde será utilizado. Similarmente, para separar o glicerol e a soda cáustica faz-se necessária uma destilação, que mais tarde permite a venda do glicerol para diversos produtos farmacêuticos.


O diferencial deste processo de catálise que utiliza peneiras moleculares em lugar de soda cáustica, ou o metóxido de sódio, é justamente o fato de serem sólidos não solúveis no álcool ou no glicerol e que facilitam o processo de sua separação do biodiesel. Uma vez acabada a reação e transformado o óleo em biodiesel e o álcool em glicerol, o catalisador permanece estável e, através da filtração, obtém-se o biodiesel e o glicerol puros.


A ideia da patente surgiu há 10 anos quando Dilson Cardoso participava de um Congresso na África do Sul e já trabalhava com estes materiais. Sua viabilidade foi testada no primeiro processo utilizando as peneiras moleculares para a produção de biodiesel desenvolvido na UFSCar. No entanto, os pesquisadores perceberam que as peneiras moleculares iam perdendo sua atividade conforme o uso, pois o catalisador desativava e perdia a estabilidade. A partir daí, o pesquisador afirma que foram estudadas mudanças no invento para entender o motivo da perda da atividade a fim de encontrar soluções de melhorias. “Trata-se de uma modificação para melhoria da estabilidade, porque a ideia original está na patente anterior. Este novo material é mais estável para produção do biodiesel, atendendo ao quesito de que um bom catalisador pode ser usado várias vezes”, explicou.


A primeira patente veio como uma novidade no Brasil e com a vantagem de ter um baixo custo já que faz uso de compostos com valores reduzidos no mercado. A importância de desenvolver inventos deste gênero corresponde à necessidade de se procurar fontes renováveis de energia como o álcool e o óleo vegetal. Com o aumento do preço do petróleo por exemplo, o biodiesel de óleo vegetal tem grande possibilidade de procura.


O processo que levou cerca de quatro anos para ser modificado e originar a patente ainda não está disponível no mercado, e o pesquisador afirma que há a pretensão de melhorá-lo ainda mais. Além disso, ele acredita que, para ser um processo promissor, ele tem que ser viável tecnicamente e financeiramente. “Essa é a inovação que nós temos. O uso de peneira molecular permitiu transformar uma catálise que é homogênea e problemática do ponto de vista ambiental e financeiro numa catálise heterogênea ecologicamente mais correta (porque não usa soda cáustica) e financeiramente mais barata”, finalizou.