Fertilizantes naturais baseados na dispersão de minerais

Foto 2 reduzidaUma nova estratégia para potencializar o uso de fontes alternativas de nutrientes para culturas agrícolas que visam reduzir o impacto causado pelo uso de fertilizantes químicos convencionais ao meio ambiente está sendo proposta em patente de invenção depositada pela Universidade Federal de São Carlos em parceira com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Trata-se de um fertilizante que potencializa a solubilização de nutrientes provenientes de minerais naturais – tais como minerais fosfatados, minerais de potássio e óxidos minerais –, e que pode ser obtido na forma de grânulos ou filmes para revestimento, cuja interação e ação do microrganismo apresenta papel-chave na transformação dos nutrientes em formas que podem ser absorvidos pelas plantas.

 

Intitulada “Processo de obtenção de compósitos de fertilizantes baseados na dispersão de fosfatos minerais em matriz de amido-enxofre ativado por Aspergilus niger e produto obtido”, a tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores do Departamento de Engenharia Química da UFSCar, Teresa Cristina Zangirolami e Rodrigo Klaic, do Departamento de Química, Amanda Soares Giroto e Vinicius Ferraz Majaron e os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Caue Ribeiro de Oliveira, Cristiane Sanchez Farinas e Gelton Geraldo Fernandes Guimarães, é constituída de produtos naturais e microrganismos isolados do solo, contribuindo para o uso eficiente e consequente agricultura sustentável.

 

De acordo com um dos inventores, Rodrigo Klaic, quando o compósito-fertilizante é aplicado ao solo e bioativado com a umidade, os microrganismos encapsulados na matriz de amido/enxofre desenvolvem-se e proliferam no granulo, utilizando o amido como fonte de energia. Simultaneamente ocorre a solubilização dos minerais dispersos que transformam o fósforo insolúvel dos minerais em solúvel. “A solubilização ocorre por mecanismos associados a produção de ácidos orgânicos pelo microrganismo encapsulado na matriz. Assim, os ácidos orgânicos promovem a acidificação no granulo que é potencializada pela oxidação do enxofre e tudo isso promove a solubilização dos minerais em formas químicas que as plantas podem absorver para se desenvolver”.

 

Levando cerca de três anos para ser desenvolvida, através do conhecimento em fertilizantes minerais e desenvolvimento de compósitos dentro dos Grupos de Pesquisa da Embrapa e UFSCar, o diferencial desta tecnologia com relação aos produtos semelhantes no mercado, se refere a elevada dispersão de minerais em uma matriz amido/enxofre com simultâneo encapsulamento de microrganismos. A dispersão aumenta a área reacional, proporcionando maior contato da partícula com o microrganismo e maximizando a solubilização dos nutrientes. Com isso, a tecnologia pode ser utilizada para aumentar a solubilidade de minerais, tais como os que fornecem fósforo para as plantas. “O modo de processamento e os materiais utilizados permitem que os compósitos fertilizantes sejam utilizados tanto na agricultura convencional como na agricultura orgânica, daí sua versatilidade no uso em forma de grânulos ou filmes para revestimentos de fertilizantes”, esclareceu Klaic.

 

A patente foi desenvolvida em escala laboratorial e, neste momento, os pesquisadores buscam parceiros industriais e empresas de fertilizantes para aumentar a escala de produção e realizar experimentos em campo, visando sua disponibilidade para comercialização. Em função dos resultados promissores da tecnologia – cujos efeitos podem ser ampliados para outras fontes de nutriente de baixa solubilidade – novas pesquisas têm utilizado o mesmo conceito: da matriz amido/enxofre para encapsulamento de outros microrganismos de interesse agronômico e avaliação da bioativação em solo. Além disso, os pesquisadores seguem realizando testes com fontes de minerais de baixa solubilidade e testes de aumento de escala do processo.