Medidor de coesão do mesocarpo de frutos

Um equipamento capaz de medir a qualidade do açaí baseado nos métodos empíricos utilizados pelos ribeirinhos das regiões nativas do fruto, podendo ser utilizado em laboratórios de pesquisa na mensuração da qualidade deste gênero, assim como na indústria, para a certificação de qualidade foi resultado da invenção Medidor de Coesão do Mesocarpo de Frutos do Gênero Euterpe, desenvolvida pelos pesquisadores José Dalton Cruz Pessoa, Thais França Stefanini e Alan Ribeiro dos Reis, do PPGBiotecnologia da UFSCar.

Os ribeirinhos das regiões nativas do açaí apoiam o fruto maduro entre os dedos e com o dedão aplicam uma força tangencial, avaliando a sua qualidade na força necessária para separar o mesocarpo do caroço do fruto. Partindo deste movimento, o equipamento segue o mesmo princípio, aplicando uma força rotatória no mesocarpo do fruto. Por meio da mensuração da força utilizada para separá-lo do caroço é possível fazer uma métrica da qualidade do fruto, apresentando se o mesmo está pronto para o despolpamento ou se é necessário mais tempo de hidratação. Assim, o equipamento possibilita a criação de uma medida ou parâmetro padronizado para avaliação de qualidade dos frutos de açaí.

A pesquisadora Thais França Stefanini explica que, por conta de sua pesquisa de mestrado, cuja necessidade era elaborar uma medida da qualidade do açaí, a ideia de desenvolver um equipamento que mensurasse esta variável, tornando-a menos empírica, surgiu ao elaborar um treinamento com especialistas para avaliar a qualidade dos frutos.

Levando cerca de 8 meses para ser desenvolvida, entre a fase de projeto e criação de protótipo, seguidos dos testes iniciais, o principal diferencial desta invenção é justamente o fato de não existir, até o momento, outros equipamentos equivalentes no mercado, sendo utilizado como substituto da experiência de especialistas em análise empírica e manual.

Como principal resultado, o equipamento se mostrou capaz de mensurar a qualidade dos frutos quando comparado a outras análises, incluindo avaliação manual de especialistas. Por essa razão, os pesquisadores acreditam que a invenção pode ser utilizada principalmente em pesquisas, já que o seu caráter quantitativo agrega grande valor às pesquisas com frutos e comparação com o trabalho de outros autores. Além disso, a aplicação na indústria pode ser realizada no caso de busca de certificações e quantificações de qualidade de frutos, apesar de o equipamento não ter sido desenvolvido com este propósito.

A tecnologia ainda não está disponível no mercado porque o protótipo de bancada se deu em nível laboratorial. Para colocar em escala industrial, é necessário que os pesquisadores desenvolvam uma unidade representativa, que seria destinado a agroindústrias que trabalham com açaí ou jussara, além de varejistas e comerciantes de frutos em geral, ou seja, ele teria um alcance nacional.