Agência de Inovação fecha 2015 com mais um licenciamento de patente de invenção

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    Patente se trata de um material poroso com propriedades magnéticas para purificação de bioprodutos

 

A Agência de Inovação da UFSCar, órgão responsável pelo tratamento das questões de Propriedade Intelectual no âmbito da universidade, está finalizando 2015 com mais um licenciamento de patente de invenção. Dessa vez, o contrato foi estabelecido com a startup de biotecnologia Kopp Technologies, instalada em março deste ano em São Carlos para desenvolvimento da tecnologia “Micropartículas de sílica porosa com propriedades superparamagnéticas, alta magnetização de saturação e processo de obtenção”.


A patente se trata de um material poroso com propriedades magnéticas, que torna mais ágil e diminui o custo os processos industriais de purificação de bioprodutos como anticorpos, enzimas, e outras proteínas de interesse. Ela foi desenvolvida pelos docentes Raquel Giordano, do Departamento de Engenharia Química e Fernando Manuel Moreira, do Departamento de Física, e pelo Doutor em Biotecnologia pelo Programa de Pós-graduação em Biotecnologia, Willian Kopp e visa beneficiar indústrias de produção de artigos como farmacêuticos e biocombustíveis.


 “São fármacos, vacinas, biomoléculas de alto valor agregado para aplicação em diferentes campos. É uma indústria gigantesca que está começando no Brasil, mas que já é bem estabelecida no mundo”, explica Kopp. Segundo o pesquisador, atualmente os principais medicamentos para enfermidades como câncer, HIV e doenças autoimunes são produzidos por rota biotecnológica, ou seja, mediante a produção de uma molécula em um organismo vivo, sendo a purificação a parte mais cara do processo. “Entre você ter uma biomolécula produzida em um organismo, como uma bactéria por exemplo, e você ter um biofármaco, pronto para consumo, existe todo um processamento, e a purificação representa no mínimo 40% do custo. É na diminuição desse custo que a gente trabalha”, comenta.


Para comercializar a patente, Kopp criou junto com Raquel Giordano e com o Administrador de Empresas Maicon Vilabruna a spin-off Kopp Technologies, incubada no ParqTec com o apoio da Agência de Inovação e que tem o objetivo de desenvolver, produzir e vender soluções inovadoras para a purificação de produtos biotecnológicos. A startup foi criada para atender a uma demanda do mercado, visto que inexistia na América Latina uma empresa que trabalhasse com esse tipo de material, sendo que para importar o produto da Europa ou dos Estados Unidos era necessário pagar em dólar e enfrentar uma demora de até três meses para a chegada do produto.


Para a diretora da Agência de Inovação da UFSCar, Ana Lúcia Vitale Torkomian, a geração de spin-offs, empresas criadas dentro da universidade com o objetivo principal de comercializar a tecnologia desenvolvida, é uma das principais formas de levar o conhecimento gerado na academia para o mercado. “O objetivo da Agência é transformar todo esse conhecimento gerado em riqueza efetiva, ou seja, os resultados das nossas pesquisas em produtos e serviços utilizados pela sociedade, promovendo assim o desenvolvimento econômico do país, sobretudo porque a gente tem um contexto na cidade de São Carlos que favorece isso, com empresas inovadoras, spin-offs, incubadoras, dentre outros”.


Nesse sentido, a escolha de instalar uma empresa para comercializar as Micropartículas de sílica porosa, ao invés de licenciá-la para uma empresa já existente no mercado, também é benéfica para garantir que o produto seja comercializado. Isso porque, de acordo com Kopp, é uma prática comum em muitas empresas já estabelecidas licenciar novos produtos apenas para evitar a concorrência. “Imagine que você tenha um processo montado com o produto A, aí aparece um produto B que é concorrente e melhor que o A. Para produzir o produto B, você terá que investir milhões e modificar a planta da empresa. Então a empresa compra o produto e engaveta, para proteção de mercado”, alega.


Atualmente, os sócios estão trabalhando na prospecção de clientes. Como a indústria exige uma série de certificações que demoram para ser aprovadas, a estratégia de entrada no mercado é a venda para pesquisa e desenvolvimento. No entanto, além desse ser um mercado que vem crescendo no Brasil, já existem algumas empresas de biotecnologia interessadas em obter o insumo e a expectativa é que em dois anos já seja possível exportar as soluções. “A gente pensa em futuramente expandir para a América Latina e Europa, mas o mercado brasileiro é bem grande e vai crescer bastante com a entrada de novos players em 2017 e 2018. O mercado de produtos biotecnológicos desenvolve soluções para o segmento humano, animal e vegetal. Todos esses produtos precisam ser purificados. É nesta etapa que participamos”, finaliza Maicon Vilabruna.