Cultivo, separação e coleta de ovos

IMG 0826Uma rede flutuante com divisões para o cultivo de animais planctônicos e a recolha de cistos ou ovos, geralmente de maior valor comercial para a aquicultura ou utilização para a pesquisa foi resultado da patente de invenção intitulada Rede de cultivo, separação e coleta de ovos e cistos demersais de anostráceos branquiópodes e de outros animais planctônicos desenvolvida pelos pesquisadores Marcelo Grombone de Vasconcellos e José Valdecir de Lucca do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (DEBE) e Maria da Graça Gama Melão do Departamento de Hidrobiologia (DHb) da UFSCar.

 

A invenção visa cultivar estes organismos de maneira mais eficiente, em conjunto ou não com outros animais de interesse para a aquicultura em um mesmo tanque, prevenindo a predação e ao mesmo tempo condensando a biomassa cultivada e captando os ovos de forma otimizada. Para isso, ela possui compartimentos flutuantes e sobrepostos, confeccionados em nylon com diferentes aberturas de malha, os quais permitem a difusão de excretas e a passagem de alimento geralmente constituído por fitoplâncton. Os ovos produzidos durante o ciclo de vida dos organismos, como têm densidade específica maior que a da água, descem, passando pela rede separadora, até o copo de coleta rosqueável, onde são armazenados até a coleta.

 

Levando cerca de 3 anos para ser desenvolvida contando o tempo da inspiração à utilização do produto com a obtenção dos dados para análise e redação dos resultados, a ideia da patente surgiu em função do problema relacionado à coleta de ovos demersais de grande valor econômico, que vão ao fundo dos tanques de cultivo e se misturam aos sedimentos, dificultando e onerando seu processamento. Os métodos alternativos de captura de ovos, sacrificam a biomassa viva em compartimentos de espaço restrito causando, por estresse, a liberação forçada e total dos cistos pelas matrizes, e a morte massiva destas, produzindo cistos de qualidade geralmente inferior. No caso desta invenção, o diferencial é, além do cultivo adensado, a possibilidade de policultivo em tanques de aquicultura.

 

Dentre os resultados esperados, o pesquisador Marcelo Grombone de Vasconcellos explica que eles se relacionaram com a proposta do instrumento: de produzir cistos ou ovos isentos de impurezas com maior qualidade e ao mesmo tempo propiciar o cultivo da biomassa viva, com taxas superiores de produtividade. “Nós consideramos que estes resultados foram positivos e estatisticamente significativos durante o projeto temático envolvendo o organismo branconeta – Dendrocephalus brasiliensis”.

 

O pesquisador explica que, considerando a aquicultura nacional incipiente no que tange ao cultivo intensivo de organismos planctônicos, para comercialização talvez o interesse fosse pequeno no Brasil. “Entretanto, em outros países como os EUA, Japão e Tailândia, a comercialização de ovos de organismos como Artemia sp. e outros anostráceos planctônicos é muito difundida, praticada e lucrativa”, finalizou.