Conduíte tubular à base de fibras de vidro bioativo e biorreabsorvível

DSC 0202 reduzidaUm novo biocompósito tubular semipermeável com fibras de vidro bioativo alinhadas em seu interior com a finalidade de acelerar a regeneração do tecido nervoso periférico, ou seja, feixes nervosos que se encontram nas extremidades como braços, mãos, pernas e pés, assim como na face, é resultado da patente de invenção Conduíte tubular à base de fibras de vidro bioativo e biorreabsorvível para regeneração de tecido nervoso periférico e processo de obtenção do mesmo, desenvolvida pelos pesquisadores Edgar Dutra Zanotto, Marina Trevelin Souza e Oscar Peitl Filho, do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar.


Normalmente denominado “nerve guides conduits”, este dispositivo se refere a conduítes guia para a regeneração do tecido nervoso periférico. Dependendo da gravidade da lesão, o feixe nervoso pode não se regenerar sozinho, havendo assim, a necessidade de um material que o guie para que o mesmo se regenere de modo direcionado. Este dispositivo opera basicamente num tubo semipermeável com as fibras de vidro bioativas alinhadas em seu interior. Esse alinhamento acelera o processo de regeneração, já que as células nervosas são direcionadas para os cotos restantes do tecido nervoso do hospedeiro. Outro ponto interessante é que as fibras de vidro bioativo se degradam lixiviando íons importantes no processo de crescimento e proliferação celular, o que facilita todo o processo de neoformação do tecido nervoso.


Levando cerca de 3 anos para ser desenvolvida, com início em 2011, a ideia desta patente surgiu por meio de resultados obtidos pelos pesquisadores com a nova formulação de vidro bioativo em ensaios in vitro e in vivo, tanto para o tecido ósseo (tecido duro) quanto para os tecidos moles. A partir daí, os pesquisadores decidiram investigar os efeitos da utilização da formulação quando aplicada em um tecido tão peculiar quanto o tecido nervoso.


De acordo com uma das inventoras, Marina Trevelin Souza, o principal diferencial desta invenção, quando comparada a outros produtos semelhantes no mercado, é a eficácia com que a regeneração do tecido nervoso periférico ocorre, representando um período menor de recuperação para os pacientes, ganho da sensibilidade e funcionalidade em um menor tempo e uma menor incidência de neuromas. Além disso, a pesquisadora afirma que o custo benefício pode facilitar sua produção em escala comercial. “O valor do novo biocompósito é uma clara vantagem porque, por ser uma tecnologia nacional, poderia competir fortemente com outros dispositivos poliméricos importados que chegam a custar mais de R$9.000,00 por peça”, declarou.


A tecnologia ainda não está disponível no mercado pois o grupo de pesquisadores acredita na necessidade de conduzir mais testes in vitro e in vivo, considerando que, a partir de testes pilotos, foi possível verificar uma real melhora e aceleração na regeneração do tecido nervoso periférico. Com os testes futuros, eles pretendem verificar os efeitos e o quanto será possível reduzir o tempo de regeneração de lesões graves.


Marina Souza explica que os ensaios in vivo já realizados até o momento, embora em escala piloto, trouxeram resultados positivos, tanto para os testes de análise funcional quanto para as análises histológicas, tendo em vista que os animais que receberam o novo conduíte guia apresentaram uma função nervosa em apenas dois meses, enquanto os animais que receberam enxertos autógenos demoraram quatro meses para apresentarem os mesmos resultados. “Esses resultados preliminares nos levam a acreditar que a presença das fibras de vidro bioativas foi um grande estímulo para a formação do feixe nervoso, já que com dois meses os animais apresentaram uma melhora significativa na função do tecido, ou seja, a nossa perspectiva é animadora”, finalizou.