Polivinil Butiral resistente a solventes orgânicos

pvb2 reduzidaPolivinil butiral (PVB) é um polímero utilizado principalmente na fabricação de vidros laminados de segurança nos setores automotivo, aeroespacial e civil. O vidro laminado de segurança possui camadas de vidro intercaladas com filmes de PVB, que possuem a função de impedir o estilhaçamento do vidro quando quebrado. A produção destes vidros, onde destaca-se a indústria automotiva, gera uma grande quantidade de resíduos de PVB, que ainda não possuem um destino ecologicamente correto uma vez que a reciclagem do PVB é dificultada pela pequena gama de possíveis aplicações para o produto reciclado. A restrição na utilização do PVB deve-se principalmente a baixa resistência a solventes orgânicos fracos, como o etanol. Pensando nisso, os pesquisadores José Donato Ambrósio, Lidiane Cristina Costa, Marilia Sônego e Brenno Dutra de Queiros, do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar desenvolveram a invenção Polivinil Butiral (PVB) quimicamente modificado com silanos para resistência aperfeiçoada a solventes orgânicos.


A ideia principal do invento é neutralizar as hidroxilas presentes na estrutura química do PVB, já que são elas as responsáveis pela grande interação com solventes orgânicos. Esta neutralização ou modificação química ocorre com a mistura no estado fundido do PVB com um agente silano, que reage com as hidroxilas aumentando a resistência química do polímero sem prejudicar significativamente outras propriedades do PVB, como elasticidade e tenacidade. A técnica de modificação química por mistura no estado fundido é interessante ao mercado já que é bem difundida na indústria de plásticos por ser economicamente atrativa.


Segundo um dos inventores, José Donato Ambrósio, o aumento da resistência química do PVB a solventes orgânicos pode criar um novo nicho de aplicações para este polímero, sendo ele reciclado ou não. O PVB modificado poderia substituir o PVC flexível em muitas aplicações por ter propriedades mecânicas semelhantes e ser mais inerte, necessitando de menor quantidade de aditivos e antidegradantes. Uma das aplicações avaliadas pelo grupo foi a utilização de PVB juntamente com resíduos de couro do setor calçadista na fabricação de solados e palmilhas. Além de ser economicamente atrativa para o setor calçadista, este possível produto é ecologicamente correto por envolver dois produtos recicláveis.


A patente é destinada principalmente às empresas do ramo calçadista que atuam com solados, palmilhas, revestimentos plásticos, e também às indústrias que buscam uma alternativa à utilização do PVC flexível. Entretanto, para estar disponível no mercado, o pesquisador explica que é necessário passar de uma escala laboratorial para a escala industrial. “Em termos de processo, a patente foi bem consolidada, mas em pequena quantidade, ou seja, a nível laboratorial. Nós focamos no produto – PVB modificado com agente silano – e provamos que ele efetivamente modifica-se, tornando-se resistente à solventes orgânicos. Para chegar ao mercado, buscamos parceiros que possam licenciar a tecnologia”, finalizou.